quarta-feira, 15 de fevereiro de 2012

Ser ou não ser, eis a questão!

Ser ou não ser mãe. Foi a nossa discussão de jantar do dia dos namorados.
O meu pai contava que tinha um colega que não levava o filho doente ao pediatra porque a consulta era muito cara, custava 100€ (o que é mentira, porque esse pediatra era o meu e o do meu irmão e leva no máximo dos máximos 80€) mas que 5 minutos depois recebe uma chamada a dizer que o telemóvel novo dele já tinha chegado, que custou 100€. Desculpou-se que não foi ele que o pagou, que foi a mãe, e ouviu logo uma resposta lógica "Se a sua mãe teve esse dinheiro para lhe oferecer um telemóvel novo, teria-o para pagar a consulta ao neto!". Isto revolveu-me as entranhas e ainda me custa a acreditar.
Por sua vez, a minha mãe contava que no trabalho dela, uma engenheira já está casada há 5 ou 6 anos e ainda não quer ser mãe.
Pergunta: Qual dos dois casais é o mais sensato?

A sociedade evoluiu bastante mas, na minha opinião, neste caso ainda estamos muito aquém das expectativas. A lei da vida é casar e ter filhos (de preferência mais que um) sem questionar se somos capazes de sermos pais e mães, sem perguntarmos se temos disposição e interesse nisso, apenas tem de ser! E se não existir filhos somos egoístas, ou simplesmente não conseguimos tê-los, logo, somos doentes.
Eu sou muito nova, mas obviamente que vou pensando nestas coisas. Caso hoje tivesse idade para ser mãe, e independentemente de ter condições financeiras para isso, não o seria, por vários motivos. Primeiro porque não seria capaz de abdicar de pequenos luxos (materiais) para poder dar ao meu filho; segundo, não queria abdicar de não ter horários para comer, dormir, sair em vez de ter tudo planeado ao minuto, quando ele come, quando tem de dormir, agora não vamos sair que está frio, agora não vamos sair que está muito calor. Simplesmente não estou preparada para isso; terceiro, teria de abdicar de viagens e de certas coisas que não poderia fazer com um bebé. Isto claro, sem falar nas condições financeiras!
Não digo que não quero ser mãe, apenas se tivesse idade para o ser, pensando como penso agora, não o seria porque não estaria preparada! E isto, na minha perspectiva, não é ser egoísta, é ser sensata.
Pena é muitas criaturas andarem aí a passearem as suas crias e nem sequer sabem o que as palavras "mãe" e "pai" significam e quem sofre são sempre as crianças.
Mas a sociedade tem, em parte culpa.
Um casal casa e no próprio dia da boda já estão a perguntar "Então, e para quando oS filhoS?"
E quando um casal tem um vem sempre a pergunta "Então e quando vem o segundo?"
Mas se um casal assume que não quer ter filhos, todos pensam "Coitados dos pais deles, vão ficar sem netos!" "Estes são muito egoístas!" "São tão infantis! Então se não querem ter filhos, para que é que se casaram?!" "E a geração vai acabar assim?!" "Toda a gente quer ter filhos!!! Como é que estes não querem?!"
É a sociedade em que vivemos que pressiona os casais a serem pais mesmo sem querer ou sem terem vocação para isso, ou sem estarem preparados para todas as implicações que os filhos acarretam. E por isso existem maus pais, crianças mal formadas, infelizes, a sentirem que não são amadas e desejadas. Assim se criam personalidades que em nada vão enriquecer a nossa sociedade.
Eu cá serei mãe quando e se achar que o devo ser, e não porque o marido pede, o pai e a mãe pedem ou a sociedade o exige.

2 comentários:

Anónimo disse...

Pediatra Dr. Jorge Brites ou lá como se escreve xD
Prima Anabela :)

Sticky and Raw disse...

Precisamente esse :)