domingo, 1 de julho de 2012

S. Pedro e recordações do Jardim de Infância

Tchiii que o S. Pedro foi duro! E deixou marcas, oh se deixou. Em relação à noite, houve muitos inesperados "Estou perdido" e houve quem demorasse 4 horas a chegar a casa (note-se que a viagem - a pé - faz-se em meia hora, quarenta e cinco minutos no máximo) e 6 pessoas a dormir no mesmo sítio como nós já estamos habituados, mas correu muito bem. Deu para tirar uma horita para me sentar na praia a olhar para o mar e a falar como meu menino.
Horas de sono, muito pouquinhas e ainda assim constantemente interrompidas com telefonemas manhosos que no dia a seguir serviram para me rir (ainda me rio com a situação). A praia é que me lixou com f. Estou tipo camarãozinho mas do tigre, que é o melhor! Pernas, braços e o pior é a cara. Pareço o Rodolfo de nariz vermelho e tenho a marca dos óculos estampada o que é sempre agradável.

Ontem foi a festa dos 40 anos do meu infantário/A.T.L. que eu vou levar sempre no meu coraçãozinho. Grandes amigos que ainda tenho hoje, conheci-os lá, conheço músicas e actividades que jamais esquecerei e quando tiver uma cria sei exactamente onde a inscrever. Foi o primeiro jardim de infância da zona e tem vindo a crescer a olhos vistos, apesar de ainda ter outro tanto para desenvolver. Tem profissionais à altura, comidinha que ainda hoje me lembro (e eu não gosto de comer!) e jogos, actividades e festas que vão ficar para sempre guardadas. É bom chegar lá e todos serem como uma família que se adora mas que não se vê tantas vezes quanto as desejadas, é bom chegar lá e ter a senhora da cozinha a dizer "Oh Catarina, ao tempo que não te via! Ainda me lembro de quando te dava a sopa. Eras sempre a última e tínhamos de inventar mil e uma maneiras para comeres!" ou uma das minhas educadoras dizer "Ainda me lembro quando chegaste à salinha um dia com palitos na mão e me mostraste que já sabias fazer figuras geométricas porque o teu pai te tinha estado a ensinar no fim de semana.", "Eras muito crescidinha! Dizias sempre que esses jogos eram para crianças, uma parvoice!". É tão bom saber que ainda somos lembrados, que por muito tempo que passe, jamais nos esquecerão, nem às nossas brincadeiras, nem às nossas pequeninas personalidades que se iam moldando.
Eu adoro lá ir. Adoro! Recordo-me de TUDO! Recordo-me do cheiro do salão nos dias de festas, recordo-me dos discursos do sr. Reitor intermináveis, recordo-me da mousse de chocolate, do empadão de carne e do arroz de festa, assim como do arroz de praia. Recordo-me do parque, dos jogos e dos bordados que aprendemos a fazer. Lembro-me de cada uma das pessoas que trabalhavam lá, desde as educadoras às senhoras da limpeza. Gostava de todas e acho que todas gostavam de mim. Lembro-me das carrinhas de transporte conduzidas pelo Sr. Serafim que era o mais fixe e o Sr. Fernandes estava sempre a resmungar mas que no fundo gostava muito de nós. Tenho muitas saudades da Fatinha que já lá não está, reformou-se, e da Rorinha (o r não se lê como se fossem dois rr mas sim como se fosse só um no meio do nome), lembro-me da Sandrinha que fazia magia e o peixe desaparecia no meio do arroz e só assim conseguia que os meninos comessem tudo. Lembro-me de termos a fixação que existia uma porta secreta e termos de a encontrar e de um quadro que nós insistíamos que os olhos nos seguiam. Lembro-me dos namoricos e das cabanas giríssimas que fazíamos em conjunto. Lembro-me da hora do lanche em que detestava porque o leite tinha sempre nata e o pão tinha marmelada ou queijo. Lembro-me do refeitório da creche que cheirava a cerelac e lembro-me das festas de aniversário que fiz lá. O cheiro que mais me lembro, curiosamente, é o da despensa onde as educadoras guardavam as fantasias das festas e o mais importante, o fato do Pai Natal (por isso é que nenhum menino estava autorizado a lá ir e a porta estava sempre trancada mas mal a visse aberta eu corria para lá!). Lembro-me da irmã Esperança e da Milinha, da Helena, da Ginha, da Carla, da Virgínia e de tantas outras... Lembro-me da Laidinha que todos os dias nos cozinhava o almoço e o lanche e nunca se recusava a substituir a marmelada ou o queijo por um bocadinho de manteiga no pão. Lembro-me das casas de banho enormes com as sanitas pequenininhas e o cheiro a novo das salas do A.T.L. Lembro-me de jogar à macaca, ao esconde-esconde, ao lencinho e de saltar à corda. Lembro-me de todos os amigos que lá fiz e nunca os vou esquecer.
Bem, perdi-me um pouco nestas recordações todas mas o que eu estava a dizer é que fui à festa dos 40 anos de existência do Infantário e a minha mãe foi convidada a discursar por ter feito parte da primeira turminha da instituição e eu tive de a acompanhar, claro. Não ia perder esta oportunidade.
A festa foi engraçada, mas longe das do meu tempo onde a criançada ia devidamente trajada a rigor e dançava com alegria para os papás e avós que estavam na plateia a assistir. Houve também a tradicional entrega dos diplomas aos finalistas e foi a minha mãe que apresentou a festa até ao fim.
Foi engraçado ver por lá amigas da minha turma do infantário a assistir e a tirar fotografias e pensei que na verdade, todos voltam onde foram felizes.
A verdade é que tive muitos maus momentos e más recordações, mas sinceramente é tudo muito vago. As boas memórias sobrepõem-se e dão 20 a 0 às menos boas.
Voltarei lá sempre que tiver oportunidade e foi uma tarde muito bem passada!

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