quarta-feira, 16 de julho de 2014

Amigos da Universidade são para a Vida!

Não me apego facilmente às pessoas nem às coisas. Demoro o meu tempo. Consigo facilmente adaptar-me, mas conquistar-me é muito difícil. Nisso sou um bocado fria. Quase nunca sinto saudades ou nostalgia de nada nem de ninguém.
Quando entrei para a universidade adaptei-me num minuto. Falo com quase toda a gente e não me considero introvertida. Gosto de ser assim. Mas para falar a verdade, tirando duas ou três pessoas, ainda não tinha sentido aquilo que costumam dizer "os amigos para a vida fazem-se na universidade". Não senti isso no meu primeiro ano. Mas verdade seja dita, quase nunca sinto. Os meus melhores amigos são os amigos que tenho há anos! Poucos são os que passam e ficam para sempre. Ou pelo menos pelo tempo suficiente para que os chame de amigos.
Sim, sou exigente. Sou muito exigente. Tenho um feitio de merda, é verdade. Não confio à primeira, nem à décima. Dou muita atenção aos pormenores que ninguém quer saber e ligo muito pouco ao que todos querem saber. Ao diz-que-disse. Claro que gosto de fofocar, quem não gosta?, mas não tomo qualquer decisão com base nisso e quase nunca acredito no que se "descobre" por esses meios.
Desde pequena sempre me disseram - incluindo profissionais que sabiam do que falavam - que eu tenho uma mentalidade muito superior às pessoas da mesma idade. E isso não tem nada a ver com a inteligência! Tem a ver com a minha predisposição para ser mais madura e isso, em parte, condicionou bastante a minha maneira de encontrar amigos compatíveis comigo.
Com o tempo aprendi a "dar um desconto" e a ignorar certas atitudes absolutamente normais para a minha idade mas que eu as via como infantis. Ou isso ou ficava sozinha. Outras vezes acham-me arrogante. É talvez por isso que, à medida que o tempo passa e que eu vou tendo cada vez mais consciência dessa minha "condicionante", que me torno um bocadinho mais criança do que no dia anterior. Eu não quero ser uma velha num corpo de nova. Eu estou habituada a pensar demais nas coisas. A planear. A esperar as consequências. A arriscar muito pouco. Mas todos os dias eu tento contrariar-me. Claro que quero manter a parte responsável, lógica e fria - que faz muito jeito em algumas situações! Mas também quero ser mais descontraída e não levar tudo tão a sério. O mais difícil de tudo é aceitar que eu falho e que os outros também podem falhar comigo. Aceitar que isso é normal, que vai acontecer inúmeras vezes, e eu não posso sofrer por antecipação nem deixar de me aproximar das pessoas por achar que me vão desiludir. Tenho a mania que posso controlar tudo. Que consigo fazer tudo. Que prefiro fazer eu à minha maneira do que delegar a outra pessoa. Mas isso tem vindo a ser corrigido.
Isto é um processo que tenho vindo a aperfeiçoar desde o ano em que a minha vida - super planeada até aos 30 anos - deu uma volta de 180º e eu tive que aprender a ter um plano B, C, D... Z e aceitar que até esses podem falhar. Foi dos anos mais importantes para mim. O ano em que eu, pela primeira vez, não atingi o meu grande objetivo e falhei. 
E ainda bem que falhei. Hoje consigo ver que foi tão bom para mim ter falhado. Por tudo. E hoje também consigo ver que o que me fazia falta era ser contrariada pela vida. Era perceber que mesmo que eu lutasse tanto - como sempre fiz - há coisas que são imprevisíveis e mudam as nossas vidas. Isso fez-me ser mais descontraída e não pensar tanto no futuro - o que adianta?

Mas este ano contribuiu imenso para a minha "cura". Este ano descobri e redescobri 4 pessoas que me fizeram mudar. Para melhor. E em tantas maneiras... São amigas no geral e nos pormenores. São as primeiras a ligar. A querer saber. São as que dizem "deixa estar que eu trato disso, vai descansar" sem que lhes tenha dito ou pedido nada. São as que alinham sempre. São as que querem estar lá. São as que fazem tudo sem que ninguém se aperceba. São as que fazem surpresas. São as que entendem. São as que dizem o que pensam. São as que conhecem os meus gostos pela minha reação. São as que nem precisamos de falar para comunicar. São as que me pedem ajuda. São a quem eu peço ajuda. São as que cuidam de mim. São quem eu cuido. São mais descontraídas do que eu. Têm ideias. Querem trabalhar. Trabalham como eu. Cada projeto é melhor porque elas fazem parte. Cada hora de trabalho custa menos porque estamos as 5 no mesmo barco. Este ano adorei tudo o que fiz com elas. E estou ansiosa por voltarmos a trabalhar juntas. Nas aulas e em novos projetos que se avizinham. Vejo-me a trabalhar com elas, num futuro não muito longe.
Eu confio nelas para tudo. Delego, conto, choro se for preciso. Porque eu sei que elas vão estar lá e me vão ajudar, como eu as ajudo sempre. São elas que me vão fazer sentir saudades da universidade. São elas que me vão fazer querer voltar em setembro cheia de boa disposição. Eu gosto de arriscar com elas. Gosto de testar os nossos limites. Caramba, nós trabalhamos tanto e tão bem... Sinto-me segura ao trabalhar com elas. Confio. Quero fazer mais. Cansa menos. Somos cada vez melhores. Sinto-me bem com elas. Sinto-me bem na casa delas.
Gosto de pensar em nós como muito mais do que colegas de universidade. Somos amigas, confidentes e tábuas de salvação umas das outras. Sem exigências nem cobranças. Nem competição. Fico tão feliz com os sucessos delas como se fossem os meus. Ou até mais.
Finalmente encontrei as "amigas da universidade que são para a vida!" e não pretendo mudar esta frase.
Para a Rita, para a Sara, para a Mariana e para a Helena.
Porque os amigos são a família que escolhemos.


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