domingo, 21 de fevereiro de 2016

ontem foi noite de cinema 33

Eu já vos tinha avisado que isto só ia a meio, mas acho que por enquanto acabamos aqui. Os principais nomeados para os Oscars estão vistos e já tenho uma opinião sobre algumas categorias.

A Queda de Wall Street
Vi este filme com o meu irmão. O trailer alicia e ver o Brad Pitt é sempre uma boa razão.
Gostei a realização, das personagem, da história em si e dos planos que vão usando. Mas vou ser muito honesta: não percebi absolutamente nada do filme. É tudo tão caótico, tão rápido e acontece tudo tão depressa que não conseguimos perceber. Está bem que eu sou péssima com números, mas também não sou assim tão burra. E a prova disso é que o meu irmão que está no primeiro ano de Contabilidade e é o oposto de mim - muito bom na matemática - também não percebeu grande coisa daquilo. Há um esforço por tentar explicar mas como são assuntos demasiado complexos para serem explicados em 30 segundos, não resulta muito bem. Acho que chegamos a um ponto e que paramos de tentar perceber e aí o filme não nos diz grande coisa. É a verdade. Eu já nem vos consigo descrever grande coisa para além disto, e vi-o há bem pouco tempo. Vale pelo Brad Pitt, pronto.

Brooklyn
Se havia filme que eu não estava meeeeeesmo emprenhada para ver era Brooklyn. Não acho que o trailer esteja muito bom e não capta a nossa atenção, o que é uma pena já que o filme é giro. Tem uma história bonita e damos por nós a abanar com a cabeça e a dizer "É isso mesmo que acontece", apesar de retratar uma outra época. Há coisas que não mudam minha gente.
Acima de tudo é uma história de amor e de superação. Por um lado tempos uma história engraçada entre um rapaz e uma rapariga, mas o importante é a primeira história, a da emigração, a busca por uma vida melhor. E damos mais uma vez a pensar que isto é o que acontece todos os dias à nossa volta.
Tecnicamente o filme é igualmente bom. Não há atores comummente ditos bonitos mas são todos muito interessantes. E depois temos a participação dum Weasley que é sempre bom ver um ruivito por estas bandas. A caracterização de acordo com a época é muito boa e o ritmo é muito fluído, muito natural.
Foi uma agradável surpresa e deu-me ainda mais vontade de visitar a bela Irlanda.

Perdido em Marte
Mais um filme em que eu não tinha qualquer fé. Mas vai que um amigo me diz "Olha que deve de ser qualquer coisa de muito bom" e depois veio a nomeação para os Oscars e eu pensei "Peraí que isto pode ser bom! Pode ser um Interstellar menos confuso e não tanto um Gravidade". E dei-lhe uma oportunidade.
E o que eu gostei do filme? É que gostei mesmo muito! Muito divertido, muito bem realizado, com uma história bem credível que nada tem de 'futurista' ou de 'surreal'. Os atores são ótimos, mais uma vez. As piadas são mesmo engraçadas e vão aliviando a tensão nas alturas certas. No fundo queremos mesmo saber o desfecho do filme e damos por nós a suster a respiração e a torcer com todas as nossas forças para que tudo dê certo. Para saberem mais têm mesmo que ver. Não se vão arrepender. Ainda assim prefiro o Interstellar, claro.

Steve Jobs
A Kate Winslet convenceu-me a ver. E as nomeações também, vá. O anterior 'Jobs' do Kutcher não foi nenhuma obra prima e muito ficou por dizer - tanta coisa que passou ao lado! E para quem já leu a biografia do senhor e quem é uma fã do seu trabalho como eu sou, então ficou mesmo chateada com o filme.
Este vem tapar alguns buracos do antecessor e é muito, muito melhor. No fundo, o sucesso do filme está na Kate, não há hipótese. Não acho que o Fassbender tenha sido fenomenal já que raramente lhe reconhecia o Steve. Mas há uma série de pormenores importantes que foram abordados. Todos os cenários, o dinamismo da história são muito bons mas não é um grande filme, de todo. Mais uma vez repito: viva a Kate Winslet que fez um trabalho excecional, como sempre. Mas o filme não vai muito além disso.
Se quiserem mesmo conhecer o Steve então aconselho-vos a pegar neste livro e à medida que vão fazendo referências vocês vão pesquisando no YouTube (vídeos das apresentações, por exemplo...). E depois vão complementando com estes filmes que são bons mas não são excelentes.
Ainda assim, para quem não é tão fã como eu e não está assim tão interessado na vida do senhor quanto isso, então escolham este filme ao anterior. Acho que vão gostar muito, muito mais.

Joy
Uma história extraordinária de um sonho, de vontade, de coragem e de um pouco de loucura, claro. A história de Joy é verídica e é tão surreal que nem parece verdade.
A Jennifer Lawrence está cada vez melhor, de dia para dia, cada vez mais versátil, mais intensa, sem medo de sair da sua zona de conforto, exatamente aquilo que eu adoro numa atriz. Tenho a certeza que vai continuar a crescer.
O filme tem um uma boa dinâmica e a caracterização é muito boa, mas não esperem um filme de ação. Isto é, é uma história de vida, com altos e baixos, falhanços e sucessos, com grandes dificuldades e superação. Mostra-nos que mesmo quando não temos muitas pessoas (ou ninguém) que acreditem em nós e que nos tentem enganar, é possível aprender com os erros, levantarmo-nos e voltar à luta. E vencer, claro. Hoje Joy Mangano é uma mulher bem sucedida graças a esta ideia (e outras ideias, claro) que no seu tempo parecia absolutamente ridícula.
O elenco é de luxo - Robert De Niro, Bradley Cooper de novo a contracenar com a Jennifer,...
É um bom filme, onde o grande peso está na interpretação desta atriz maravilhosa e para quem, como eu, se interessa por publicidade, aqui conseguimos perceber este mundo nos anos áureos das televendas. Contudo, não é uma obra de arte e isso reflete-se na quantidade de categorias para as quais está nomeado para os Oscars (e outros prémios igualmente importantes).

Spotlight
Fiquei agradavelmente surpreendia com este filme. Já sabia que a probabilidade de gostar era alta. Gosto do tema, dos atores (Mark Ruffalo, Michael Keaton, Rachel McAdams... Um elenco de luxo!), gosto da pertinência, gosto do tom do filme - pelo que tinha percebido pelo trailer.
Depois de o ver fiquei contente. Era tudo o que estava à espera e até superou as minhas expectativas. As prestações de cada um dos atores é exímia. Mesmo. E o facto de vermos todo este caso pelos olhos daqueles que nunca, ou muito raramente, dão a cara - os jornalistas. Sabem que essa é uma das profissões que posso exercer com o meu curso, mas a verdade é que nunca me fascinou. Não é comum ver um bom trabalho jornalístico, que seja relevante e que possa ir mudando o mundo aos bocadinhos. Ou porque o próprio jornal não se enquadra nessa linha editorial, ou porque não há recursos para as pesquisas, ou porque há conflitos de interesses... Enfim, ser jornalista é difícil. E para estar numa redação a escrever sobre o Justin Bieber ou sobre o ator X que teve um encontro romântico com a modelo Y, então não obrigadinha, mas acho que posso fazer mais do que isso. Mais uma vez realço que a maioria das vezes a culpa não é do jornalista que escreve a notícia - coitado, não deve de haver ninguém mais descontente e contrariado com aquela situação do que o próprio. Mas tudo isto para dizer que se o trabalho jornalístico fosse mais parecido com o que vemos no filme (que é mas em muito menos quantidade quando comparado com o jornalismo medíocre) então eu digo-vos: era jornalista.
Voltando ao filme. Já sabem que as interpretações são muito, muito boas. O discurso é ótimo, a cadência idem aspas e apesar de haver imensa informação a acontecer, o filme não se torna confuso nem aborrecido. É possível acompanharmos tudo com uma relativa facilidade. O filme é mesmo muito bom, amigos. Aconselho que vejam. Mas se houve uma coisa que gostei e que não estava à espera foi a forma de como foi abordado este crime. Era fácil por aqui a Igreja em cheque e tratá-la muito mal. Mas não é isso que acontece aqui. Aqui falam de pessoas, de homens, de rostos e não de Deus, de religião nem nada que se pareça. Durante todo o filme há uma preocupação em nunca atacar a fé e a crença do espectador e de sublinhar sempre que os crimes foram cometidos por homens que são padres. Ponto. Apesar de não ser crente, gostei muito de ver esse respeito e essa ponderação que só trouxe distinção ao filme. Era mais fácil acusar a Igreja, a religião e pôr tudo em causa, um filme verdadeiramente escandaloso - e não é para menos - mas não, preferiram este registo.
Gostei muito e recomendo a todos. Principalmente aos descrentes no jornalismo dos dias de hoje que precisa de mais exemplos assim para que a profissão consiga reerguer-se e mostrar o que vale.

By the Sea
Foi o último filme que vi e estava curiosa. É realizado e protagonizado pelo casal que mais adoro em Hollywood - Brad Pitt e Angelina Jolie.
Não é um filme para massas. Ponto. Não é comercial nem me parece que vá ter muito sucesso. Mas é lindíssimo.
O cenário é paradisíaco - apetece mesmo meter numa mala meia dúzia de peças e ir procurar aquele pedaço de céu na Terra. A luz é sempre perfeita, os planos são mesmo muito artísticos, sempre muito bem pensados e o enquadramento é quase sempre perfeito. O guarda roupa tem tanto de simples e minimal como de elegante e sofisticado - concordando com a época retratada. Há poucas falas, pouquíssimos atores e poucos cenários. A história não avança muito, é quase um diário de uma vida normal, onde não acontece nada de extraordinariamente bom, nem de mau. Como com todos nós. Mas depois há uma relação em maus lençóis e uma Vanessa cheia de demónios que dificultam a vida de todos. É sobretudo um conto da vida, da dificuldade de manter um casamento de anos saudável e sobretudo é uma história de amor linda.
Eu sei que as críticas não foram as melhores e eu compreendo, já que são duas horas de filme e no final nada de muito relevante se passou. Mas tal como no registo de Boyhood, o principal é retratar a vida, o quotidiano, o ordinary. E no meio, juntar umas peças ao puzzel mais interessantes. Tecnicamente o filme é muito bom, cheio de detalhes e com uma linguagem muito diferente da que estamos tão acostumados a ver.
Se gostam de sair um bocadinho do comercial, então aconselho a ver este filme.

O Segredo dos teus Olhos
Não sei se já ouviram falar deste filme. Quando vi o título fiquei com a pulga atrás da orelha. No outro dia tive a oportunidade de o ver. Tem mais ou menos 2 horas e digo-vos que nem uma consegui ver. É péssimo. E depois percebi porque é que eu achava isso: porque é uma adaptação ao filme espanhol El Secreto de sus Ojos que foi das coisas mais maravilhosas que já vi e acho que nunca vos falei dele. Já o vi há muito tempo. Há uns 5 ou mais anos. E nunca me esqueci da história porque me surpreendeu, porque foi imprevisível. Adoro filmes assim.
Por isso, esta adaptação não foi novidade para mim (já sabia como ia acabar - até porque avancei o filme para saber se o final correspondia ao original e sim, mas sem a mesma intensidade) e é bastante pobre quando comparado com o filme espanhol.
Aconselho-vos a ver, se quiserem ficar surpreendidos e apaixonados por uma narrativa. Mas vejam o filme de 2009 e não este. Não percam tempo. Vejam aqui o trailer.


Sticky&Raw
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