quinta-feira, 2 de fevereiro de 2017

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Como tenho tanto filme para partilhar com vocês, esta semana cá está mais uma rubrica. Neste caso vou dar-vos a minha opinião sobre 2 filmes nomeados para os Oscars e 1 filme de 2011. Vamos a isso:

La La Land (8,6 IMDb)
O filme-queridinho de Hollywood. Tooooda a gente fala dele - bem ou mal -, tooooooda a gente viu ou quer ver e tooooda a gente sabe que vai arrecadar uma mão cheia - pelo menos - de Oscars este ano. Bom, eu não sou exceção e fiquei curiosa. Gosto dos atores (estou a aprender a adorar a Emma, mas não foi um sentimento instantâneo), tive em consideração o realizador Damien Chazelle que foi o mesmo de Whiplashmas não deixa de ser um musical, não é? Por isso fiquei de nariz torcido. Fica então aqui este ponto assente: não sou mesmo fã de musicais.
Vou pôr as cartas na mesa: gostei do filme mas 1) não percebo tanto sururu; 2) não percebo o 8,6 no IMDb e 3) ainda estou a tentar perceber se sou eu que sou uma grandessíssima ignorante ou está tudo tolo por dar tanto prémio e tanta nomeação a este filme.
É bonito? Muito! Tem uma luz linda, cenários fantásticos, um bom diálogo, personagens muito sólidas e bem defendidas pelos atores, uma boa banda sonora (muito em género de musical, mas pronto), bom guarda roupa e uma cadência de acontecimentos agradável. Mas daí até ter 14 nomeações para os Oscars... Wow! Calma lá!
A história começa por ser um chichêzinho manhoso e eu já no vai-que-não-vai para detestar o filme - principalmente devido à cena inicial que me irritou solenemente. Mas deixei andar. Estava mesmo interessada em perceber a mística de La La Land. A história melhorou bastante, houve até alguns - poucos - momentos em que me revi, e o final é muito bom! Mesmo. Contudo, continuei sem saber o porquê de tanto aplauso. Se acho que devia estar nomeado? Sim, claro que sim. Mas tantas nomeações não.
Em suma, o filme é bom - vejam! - mas a mística está naqueles dois ótimos atores. E pouco mais. E se virem e tiverem uma opinião diferente da minha, expliquem-me como se eu tivesse 4 anos, onde é que este filme tem potencial para bater os recordes que bateu. Eu agradecia muito ;)

Doctor Strange (7,9 IMDb)
Não gosto de traduzir este título. Prefiro o original porque se refere ao nome da personagem - Stephen Strange - e não Estranho. Ok, o doutor Strange é estranho, certo, mas não vamos confundir as coisas. Já passamos esta barreira, por isso, vamos ao que interessa.
Eu sou suspeita, porque gosto de quase tudo o que é da Marvel. Já sabem. Mas este filme vai além disso. Sim, tem a parte dos fatos de super herói, tem as histórias mirabulantes, os malvados que são mesmo maléficos e muitas lutas épicas... Mas em Doctor Strange vemos mais substância. Talvez tenha gostado muito do filme porque se refere ao poder da mente, aos chakras e como o nosso pensamento positivo, o nosso espírito, podem ter influência no nosso corpo. E eu acredito mesmo nisso. Claro que todos os efeitos especiais e todas as estórias contadas são metáforas para transmitir essa ideia.
A história começa com o doutor Strange, um neurocirurgião genial, o melhor, com um ego do tamanho do seu talento. É rico, bonito e egoísta. Até que um dia tem um acidente que lhe destrói gravemente as suas mãos, impossibilitando-o de continuar a sua profissão. Todos os médicos se recusam a tratá-lo por acharem que não existe recuperação para além daquele ponto em que se encontra. Até que ele, depois de perder a sua fortuna em tratamentos experimentais que não obtiveram qualquer resultado, contacta com um homem que tinha quebrado a coluna e passados um anos conseguiu voltar a andar e a fazer uma vida normal. Movido pela esperança e pela curiosidade, encontra-o e este aponta-lhe a solução. Ir para o Nepal procurar o Ser Ancião. E ele assim o fez. Quando chegou lá percebeu que tudo não passava de teorias mirabolantes de alinhamentos de chakras e fé, até que a personagem de Tilda Swinton lhe mostra o que há para além de tudo aquilo que nós achamos que sabemos e compreendemos. E é aí que o filme entra num limbo entre os heróis da Marvel, o Matrix e o Inception, tudo com uma pitada de humor. E se nunca viram nenhum filme destes que acabei de mencionar, não sei de que estão à espera...
O elenco é de luxo: Benedict Cumberbatch como Doutor Strange, Rachel McAdams como Christine (também médica e ex namorada de Strange), Chiwetel Ejiofor, o professor de Strange, Tilda Swinton, a Mestre, e ainda Mads Mikkelsen que faz de mauzão. 
 O filme está nomeado para a categoria de Melhores Efeitos Especiais e apesar de ainda não ter termo de comparação, considero que tem grandes hipóteses de arrecadar o Oscar.

Melancolia (7,1 IMDb)
Podia estar aqui o dia todo. Mas vou tentar ser breve. Começo a ser uma grande fã do trabalho magnífico do realizador dinamarquês Lars Von Trier. Espero que já tenham visto Ninfomaníaca Vol. 1 e 2.
O filme de 2011 conta com Kristen Dunst e Charlotte Gainsbourg nos papeis principais. Duas irmãs muito diferentes entre si. O que é que o filme tem de especial? Tudo. A construção das personagens - a forma de como aparecem no seu melhor e vão mostrando facetas cada vez mais escuras e depressivas ao longo do filme -, o cenário e como se vai transformando - tudo se passa na mansão da irmã mais velha, Claire (Charlotte), do seu marido e filho. A banda sonora é aterradora, poderosíssima e é quase como uma personagem do filme. Mas o melhor em Melancolia são as metáforas e os simbolismos. Todo o filme é uma alegoria à depressão profunda, crónica, incapacitante, e Lars consegue pôr em imagens - e em algumas palavras - exatamente o que alguém com essa doença sente. Não vou contar a história porque não a considero essencial. O que importa no filme são os comportamentos, os diálogos, as entrelinhas e os assuntos subentendidos.
No fundo, Melancolia é uma obra de arte. É esteticamente maravilhoso, cheio de tristeza e vazio, de sentimento, numa melancolia lindíssima, cheio de referências a artistas e às suas obras (pintores, compositores...). Na primeira parte (prólogo) vemos uma cadência de imagens hiper realistas em slow motion, oníricas, como que uma premonição do que se vai suceder. Depois passamos para o capítulo I, intitulado Justine, nome da irmã mais nova, em que ela é a personagem principal e a perspetiva é sempre dela. O capítulo II e último, Claire, mostra-nos a mãe de um pequeno curioso como protagonista.
No final resta-nos uns segundos de silêncio, a tentar assimilar o que vimos, um vazio imenso e uma sensação de incapacidade. É, sem dúvida nenhuma, um filme poderosíssimo que conseguiu arrecadar rasgados elogios da crítica em todo o mundo e, entre mais de 30 prémios, o galardão para Kristen Dunst em Cannes.


Sticky&Raw
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